UMA
VIAGEM DOS SONHOS
Por Giba Quadros
PROJETO ACAJOU FILMS
Publicado na Revista Motor Home
Nº 47- pag. 22 a 25- julho/agosto 2014
Giba – gquadrosvitoria@gmail.com
Como
tudo começou
Era por volta das 20h00 do dia
28/07/2013 quando o meu celular tocou e, atendi rapidamente, pois estava na
estrada retornando de Porto Seguro-BA.
Pedi ao interlocutor que me ligasse
novamente, dentro dos próximos quinze minutos, o que realmente o fez. Queria discutir a locação de um motor home
por um período de trinta dias para um projeto cinematográfico e, também de uma
Kombi Safari (motor home sobre a plataforma de uma Kombi).
O interlocutor - Erwan Massiot,
francês – casado com a Carolina Venturelli, filha de um colega de trabalho, o
qual me indicou para ajudá-los nessa empreitada.
A princípio, eu não tinha idéia
de fazer tal viagem, nem tão pouco valor para locação, mas em agosto/13, recebi
o convite para participar da equipe e, conseguir um “Sáfari” (é assim que eles
falam), após o Erwan conhecer o meu MH, o que daria perfeitamente para a
realização do projeto.
Viagem dos sonhos
Nunca imaginei que pudesse
viajar e, ter alguém pagando todas as despesas de alimentação, combustível,
pedágios, pernoites em camping e, ainda, receber diária pelos serviços
prestados.
Saí de Vitória-ES no dia
08/06/2014, sendo que o meu contrato assinado pelas partes com firma
reconhecida começaria a vigorar a partir do dia seguinte, as 7h30, em
Copacabana-RJ. Cheguei as 7h00 no local
e, ninguém a vista. Sem local para
estacionar e, o trânsito começando a se complicar, fiz várias voltas pelas ruas
próximas e, as 07h31min, estavam os integrantes da equipe, com suas imensas
malas de viagem. Como caberiam tantas malas no meu MH, se no interior da tulha
eu tinha quatro cadeiras, mesa, antena Sky, vassoura, rodo e, mais umas
tranqueiras?
Depois de um “chega pra lá” nas
minhas coisas, as malas foram acomodadas e, saímos de Copacabana para a Praça
XV, aguardar o Afonsinho que vinha de Paquetá para entrevista – a primeira de
uma série de outros personagens que jogaram na COPA de 70 e outras
personalidades, as quais estão nos vídeos, cujo endereço citei anteriormente.
Barra da Tijuca foi o destino,
após filmagens em trânsito e, logo após um farto almoço na churrascaria Tourão,
na Barra da Tijuca-RJ. Vale à pena, pois
além de ter um cardápio muito farto e variado, tem um grande estacionamento bem
em frente, sem flanelinha ou cobrança por parte da prefeitura. Mais filmagens e, ao anoitecer, viajamos para
Angra dos Reis-sul fluminense- que chegando lá com tempo ruim, nublado e,
chuvas esparsas, fomos procurar hotel para a Equipe, haja vista que eu e o
“Macarrão” – dono da Safari, tínhamos onde dormir e, bem. No dia seguinte, mesmo com o tempo ruim e
bastante nublado, seguimos para a praia do Pontal cujo acesso foi feito Rodovia
do Contorno, logo após o Colégio Naval, praia do Bonfim, praia Grande, Vila
Velha e Pontal, onde chovia muito, mas a Equipe deu seu jeito e, tudo ficou as
mil maravilhas.
São Vicente foi o próximo
destino e, mais filmagens. Sinistro foi à
ida para Maresia, pois mesmo em 1ª marcha, parecia que o MH não agüentaria tal
subida. Seis pessoas a bordo e um volume de bagagens imensurável.
No litoral santista também foi
com muita chuva que insistiam em nos deixar irritados, mas tínhamos consciência
da necessidade de tanta água. Após as
filmagens feitas, levantamos acampamentos e, partimos para Santo André-SP.
Foi um pernoite e, no dia
seguinte, mais filmagens. Diga-se de
passagem, que a minha participação era mais de deslocamentos e, transporte de
pessoas e bagagens – popularmente conhecido como “carregador de piano”.
Rumamos para São Paulo no mesmo
dia e, após deixar os franceses no hotel, consegui estacionar o MH na Rua
Augusta, 161 e, lá pernoitávamos também.
O primeiro jogo do Brasil assisti lá com o Macarrão, o qual passava o
dia rodando com a equipe e, eu “ancorado” nesse local.
Ganhei o bolão quando marquei o
placar de 3 x 1 para a nossa seleção.
Na abertura da Copa, um
fotógrafo fez uma imagem, porém a FIFA bloqueou a transmissão e, nós fomos
atrás da notícia – (foram três crianças e, uma delas, um indígena que após
soltar a pomba da paz, ergueu sua camiseta e, tinha uma inscrição – “Demarcação
Já).
Foram vários quilômetros
percorridos na Rodovia dos Imigrantes, procurando a estrada que nos levaria a
Aldeia dos Guaranis em Embu Guaçu e, por incrível que pareça, chegamos primeiro
do que a “poderosa”. Contatos feitos
passamos num mercado e compramos várias coisas e alimentos e, pernoitamos na
Aldeia Indígena.
Com os meus dotes culinários,
fiz filé de frango e bananas carameladas (essa foi a minha participação na
cozinha) e, houve também uma farta macarronada, tudo em torno de uma grande
fogueira, pois o frio era demais.
No dia seguinte, café da manhã
na Aldeia e, seguimos para outra localidade para encontrar o índio que fez o
protesto pra mais de cinqüenta mil pessoas na arena Itaquera. Foram mais alguns quilômetros em estrada de chão,
mas deu tudo certo. A Equipe filmou com
o indiozinho e, começaram a chegar outras equipes de TVs que vieram no nosso
rastro. Interessante é que a “poderosa”
quis passar na nossa frente, mas o Cacique interveio e, disse que nós tínhamos
chegado primeiro. Naquela hora vi o
quanto à honestidade de um índio subestimou a “poderosa”, a qual recolheu seu
“trem de pouso” e aguardou pacientemente (mas bufando) a entrevista concedida
ao Danny.
Já era hora de partir e, fomos
para Ribeirão Preto-SP, com destino à Brasília.
A seleção da França estava
nessa cidade e, também o Raí – irmão de Sócrates e, como não poderia deixar de ser,
mais entrevistas.
Verdade seja dita: a Equipe
composta de três franceses, um alemão, um italiano e três brasileiros e, mais
tarde duas brasileiras, trabalharam bastante e, acredito que os contratantes
ficaram satisfeitos com todos.
Quanto à logística, o
“Macarrão” foi impar com o “seu sáfari”, pois sempre colocado em cheque, quer
seja subir em morros ou entrar em favelas, não refugou em momento algum.
Às vezes, me sentia arrependido
em tê-lo convidado a participar desse evento, e me cobrava por isso, mas ele
sempre se mostrou compreensivo e, até brincava com a situação dos apuros que
passou. Fizemos uma dupla que deixou
saudades para os nossos novos amigos.
De Rib. Preto, fomos para
Brasília e, ficamos “ancorados” na Vila Planalto, residência do Erwano. A cidade fervia de tantos turistas
brasileiros e estrangeiros. As incursões
pela Capital fora feita somente com a Equipe e a Safari e, eu em “stand by”,
aguardando instruções e, sem abandonar o posto.
Tão perto de tantos Amigos e, eu ali “ancorado” por quatro dias.
Os
problemas que surgiram
Terminado os trabalhos em
Brasília, era hora de partirmos para Salvador, via Luis Eduardo Magalhães,
Barreiras, Lençóis, Feira de Santana e capital baiana. Um trajeto de aproximadamente 1.500 km e
pouquíssima estrutura ao longo dessa rodovia. Água, alimentos e combustível é
imprescindível. A recomendação é não
viajar a noite, pois se quebrar ficará a mercê da sorte. Ao longo da rodovia que liga a Capital
federal a baiana, retas a perder de vista e, muitos caminhões bi-trem que
trafegam em altíssima velocidade, quer estejam vazios ou carregados. Ao passar por essa estrada, dê (sempre)
preferência a eles, pois estão num trabalho duro e penoso – dirigir por longos
trechos sem nada.
Comigo aconteceu um incidente,
ou melhor, alguns. Creio que foi em
Posse, o meu MH começou a baixar o pedal de freio e, verificando tal
ocorrência, vi que se tratava de vazamento de fluido. Como tinha 500 ml de reserva, coloquei no
reservatório, mas pouco adiantou. O
vazamento era no caninho que sai do cilindro mestre e, leva óleo até o
distribuidor das rodas, no caso, estava sem freios nas rodas dianteiras e, não
adiantou a “gambiarra” que fiz: a pressão era muita e, pra não ficar na
estrada, com cautela continuei a viagem sem freios até a cidade de Luis Eduardo
Magalhães-BA. A Kombi Safari tinha
ficado para trás, pois vinha no “para e anda, grava e para” e, só soube da
minha situação no dia seguinte.
Na manhã seguinte, procurei a
MOBILE IVECO e, como sempre, a IVECO não tem peça de reposição imediata, mesmo
levando o veículo pra oficina e fazer o reparo com eles. Fui recomendado a procurar um torneiro
mecânico pra resolver a situação, o que fiz, paguei e mais uns 200 km, estava o
IVECO novamente sem freios – o cano que fora soldado, havia se rompido. Nessas condições, fomos até Salvador, porque
em Feira de Santana a permanência foi muito rápida, somente um pernoite.
Chegando a Salvador-BA, liguei
para a AUTORIZADA – MOBILE IVECO – a mesma que tem filial em L.E.M. por volta
das 9h00 da manhã e, o mecânico com ar de cansado, chegou as 15h30, retirou o
cano quebrado e levou pra um torneiro mecânico, sendo o serviço orçado por
R$50,00. Até aí, tudo bem, mas a
história não tinha terminado. A MOBILE
IVECO me cobrou R$300,00 pela visita, mais R$100,00 pela mão de obra, R$50,00
pelo serviço do torneiro, R$84,00 por um litro de óleo de freio. Por volta das 20h00 o mecânico saiu do
camping com um cheque de R$400,00, pois me recusei a pagar tamanho absurdo de
R$534,00. Estou aguardando as notas que
ficaram de me mandar e até hoje não o fizeram.
O Projeto
O projeto consistia em fazer vídeos dos “heróis” da Copa do Mundo de 1970 até 2014 e, um panorama dos movimentos sociais que estão acontecendo em nosso país, como demarcação de terras indígenas, sem terras entre outros.
Sobre esse tema, não vou me ater, haja vista que o Danny e equipe fizeram vários vídeos e, estão no link https://www.youtube.com/results?search_query=dany%27s+Day+-+Sur+la+rute+(jour+1)
Giba e Dani discutindo de quem iria levantar a taça
Em Lenções-BA, desfrutando da mordomia, haja vista que não saí pra filmar. Curtindo o Hotel Canto das Águas, um dos melhores da cidade. Hummmm! Esse nome não me estranho!
A procura de um MH Kombi Safari
A partir desse momento, varias mensagens e telefonemas foram trocados entre nós e, contatos pessoais foram feitos, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro, com a finalidade de “acertarmos os ponteiros”, pois o mais difícil seria conseguir a Kombi Safari.
Inicialmente, me propus a encontrar um proprietário de uma Kombi Safari que estivesse disposto a fazer a locação e, para isso lancei mão dos endereços cadastrados na TOCA e, no meu particular.
Atendendo ao meu pedido, a Keila – Nós de Joinville – me apresentou o Marcos Machado – Acrobata (até hoje não sei o motivo do apelido), mas infelizmente não foi possível fechar com ele, devido a uma série de entraves.
Como sempre, procuro ter o plano B e, coloquei em prática. Contatei o “Macarrão” – Carlos Magno Pimentel daqui de Vitória que, depois de avaliar os prós e os contras, topou em alugar “o sáfari” para os franceses, desde que fosse junto, pois o veículo estava recém reformado, motor novo AP 1.6, resfriar e, outros mimos.
O ciúme com a Safari soltava dos olhos e, era perceptível e muito justo esse amor por aquela relíquia, sonho de muitos campistas.
Bem, devo registrar que o Carlos Magno – “Macarrão”, saiu antes de mim, pois o contrato dele era de quarenta e cinco dias e nesse tempo todo acredite, não faltou uma vírgula em seu relato. Ele comprou um caderno com 200 folhas e, até onde eu sei, foram 181 páginas escritas e mais de 1.500 fotos registrando tudo e todos.
Creio que irá vender as suas memórias!
Estadia em Salvador – Camping Ecológico
Em Salvador, a nossa casa foi no Camping Ecológico (anteriormente CCB) e, hoje está com um grupo de campistas daquela Capital. Lá, encontramos muitos equipamentos de estrangeiros, barracas alugadas, holandeses, argentinos e chilenos, todos em paz e, comendo as mesmas comidas servidas pelo GAGO BAR – cantina do camping – que tinha as melhores cervejas do mundo – Skol, Itaipava, Bhrama, todas geladíssimas.
É bom frisar que a área do camping está localizada a beira mar, em Stella Maris e, o governo baiano pensa em desapropriar esse camping para investir em condomínios, ou seja, a especulação imobiliária está mais uma vez nos colocando contra o muro. Alguma coisa precisa ser feita, por que se não, perderemos mais esse camping.
Foram quatro dias em Salvador e, enquanto o “Macarrão” trabalhava, eu ficava no camping descansando, pois “antiguidade é posto”, já diziam os militares quando eu servi o Exercito.
Saímos de Salvador para Itaparica e, atravessamos o ferry boat, mas o tempo estava muito ruim e, poucos aproveitaram essa travessia fantástica.
Ilhéus e Porto Seguro foram as demais paradas com pernoites.
Porto Seguro – os franceses amaram o Mundaí
O Camping Mundaí estava lotado e, os franceses gostaram muito do local.
Saíram pra filmar em Santa Cruz Cabrália e Coroa Vermelha e, à noite, Passarela do Álcool, cuja barraca da Adriana, eles amaram. Tomaram caipirinha, “Capeta” e vários drinks cujos nomes são impublicáveis, mas quem quiser provar, a Adriana está lá todas as noites, mulherão de mais de 1,80 m que carinhosamente a apelidei de “guarda-roupa duplex” e, ela me chama de “estrupício”.
São apelidos assim que o estrangeiro não entende, mas sentem como somos felizes, apesar de sermos “assaltados” todos os dias, face os impostos que pagamos ao governo.
Depois de alguns drinks na Barraca muito florida da Adriana – não esqueçam – ela é precursora na Passarela e, faz cada mistura de virar os olhos, de ficarmos vesgos e liberar total. Foi assim com a turma de franceses, comandada pela Lana e Patricinha que os fez dançar o “Lepo-Lepo” e, até compraram o CD.
Pronto! Começou o “inferno” no meu MH e, ouvi essa música mais de uma centena de vezes.
Ainda no dia seguinte, eles saíram pra fazer novas filmagens e, por pouco não ficamos mais um dia no Camping Mundaí. Eles são muito rigorosos em seus compromissos e, pelo fato de atrasarem um dia no total, estavam se culpando mutuamente. Mais uma vez o “Lepo-Lepo” entrou em ação e a Lana e Patricinha, acompanhada por Cláudio e Erwan,
Dois dias e, rumo a Vitória, mas antes, Pontal do Ipiranga e São Mateus-ES, e Linhares, onde o nosso sonho de hexa campeão foi por “chuva abaixo”.
Choveu muito nesse trágico dia, mas futebol é assim mesmo. Uns ganham, outros perdem.
Bem, em Vitória-ES, a família do “Macarrão” nos aguardava com várias lasanhas saindo do forno, quentinhas e, aquela Skol hiper gelada. Foi uma confraternização entre nós, brasileiros e familiares do “Macarrão” e, os franceses, em número de três, um italiano, um alemão e, os demais (eu, Lana e Patrícia) brasileiros. Depois de abrirmos um champanhe que encontrei no bar do meu MH, resolvi saborear mais um pedaço generoso da lasanha e, pasme - o banco onde estávamos sentados quebrou. Juro que não foi culpa minha, apesar de ter degustado somente três pedaços.
Lembram da história do “Lepo-Lepo”?
Então, depois das cervejas e champanhe, levei a turma para o hotel Íbis na Praia do Canto – Vitória e, mais uma vez essa música que me persegue em pensamento até hoje. Já passava de 1h00 da madrugada e, não queriam descer do MH.
Vejam vem, não estou reclamando, mas estava morrendo de sono, após várias horas dirigindo, a ingestão de lasanhas e, aquela vontade de tomar um banho bem quente e cair na cama, dessa vez, a minha na minha casa.
Voltamos para a estrada no dia seguinte por volta das 12h30 e, Rio de Janeiro apareceu para nós por volta de 1h00 da madrugada, cuja travessia da ponte Rio Niterói foi tranqüila.
Uma viagem de doze horas devido a várias filmagens no percurso e chuvas torrenciais a partir de Campos dos Goytacazes
Ruas vazias, tempo nubladas e noites frias e de repente, mais chuva!
Assim foram os trinta e um dias, 7.250 km percorridos, seis Estados brasileiros e mais de cinqüenta cidades visitadas e filmadas. Valeu à pena!
A toda equipe que participou desse projeto audacioso e, por que não dizer, maravilhoso, o meu apreço e carinho pelo profissionalismo de todos e, que DEUS um dia, possa nos reunir novamente, nem que seja pra um bate papo, uma música descontraída, uma refeição a bordo do motor home ou na beira de uma fogueira de uma aldeia indígena.
Os meus sinceros agradecimentos.
Simplesmente,
Giba
Equipe:
Dany (sem endereço)
Dany (sem endereço)
Niko (sem endereço)
Cláudio - claudiocutarelli@gmail.com
Erwan - erwano@gmail.com
Lourence - laurenceueb@gmail.com
Carol - c.forattiniigreja@gmail.com
Lana - lanafut@hotmail.com
Patrícia - patricinhafut@gmail.com
Macarrão - carlosmagnogp@gmail.com
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